Sábado, 31 de Outubro de 2015

As sementes de damasco previnem e tratam o cancro?

Apricot kernels (31-10-15)

Isso é um MITO.

Este é um boato popular, apresentado como uma solução alternativa de saúde aos medicamentos de quimioterapia e baseada amplamente em evidência anedótica! Os caroços de damasco, que são as sementes encontradas no centro do fruto damasco ou alperce, têm uma grande concentração de vitamina B17, que não é de facto nenhuma vitamina, mas uma substância vegetal chamada amigdalina. Também se tem especulado que a amigdalina alivia a dor da artrite e reduz a pressão arterial, embora tão pouco haja evidência científica para apoiar estas alegações. Longe de ser uma terapia natural inofensiva para o tratamento e prevenção do cancro, as sementes de damasco acarretam um risco significativo para a saúde, quando consumidas a longo prazo e em excesso.

Na década de 1950, os cientistas usaram a amigdalina extraída das sementes de damasco para criar o fármaco anti-cancro laetrile. Esta versão de amigdalina modificada quimicamente foi comercializada como uma alternativa segura aos medicamentos de quimioterapia, que não matam só as células cancerosas, mas também destroem as células saudáveis. O laetrile não conseguiu provar os seus créditos. Um ensaio clínico, realizado entre 1979 e 1981, desacreditou o fármaco, mostrando que 91% dos utilizadores viram o cancro progredir, no prazo de três meses. Desde então, a Sociedade Americana do Cancro declarou o laetrile (e as sementes de damasco), um tratamento ineficaz contra o cancro.

Se consumir sementes de damasco fosse realmente seguro, não haveria mal nenhum em ingerir um punhado por dia para afastar eventualmente o cancro. No entanto, os níveis de cianeto nas sementes de damasco representam uma ameaça significativa para a saúde. De acordo com um relatório de 2006 do Comité de Toxicidade, o cianeto é letal numa dose entre 0,5 e 3,5 mg/kg de peso corporal. Por exemplo, uma mulher com 65 quilos poderia experimentar envenenamento por cianeto, a partir de 65 sementes de damasco (32,5 mg) até 455 sementes (227,5 mg) por dia. Um homem com 80 quilos está em risco a partir de 80 sementes de damasco (40 mg) até 560 sementes (280 mg) por dia.

Segundo a Sociedade Americana do Cancro, as sementes de damasco consumidos juntamente com níveis elevados de vitamina C aumentam a concentração de cianeto libertado no corpo. A Sociedade Americana do Cancro também faz uma advertência contra o consumo de amêndoas cruas e frutos ricos na enzima beta-glicosidase − tais como pêssegos, aipo, rebentos de feijão e cenoura − quando comer sementes de damasco, a fim de reduzir o risco de toxicidade por cianeto.

Na opinião do dr. Andrew Weil, a vitamina B17 nas sementes de damasco não é necessária para uma boa saúde. Na verdade, a definição científica de uma vitamina é que se prove ser essencial para manter a saúde ideal, e não há simplesmente provas de que a vitamina B17 faça jus às reivindicações de que promove a saúde.

Dito isto, a morte por sementes de damasco é extremamente rara. Se é um dos crentes nos benefícios de saúde das sementes de damasco, então mastigue à vontade algumas, mas mantenha o consumo dentro de um limite seguro.

Vitamina B17 (31-10-15)

http://undergroundhealthreporter.com/fact-or-myth-do-apricot-kernels-prevent-and-treat-cancer/ 

 

publicado por Rui Vaz às 08:13
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